Hell’s Kitchen: Enquanto muitos correm uma verdadeira maratona atrás de uma chance em frente às câmeras, para mim a oportunidade surgiu de maneira repentina, natural e orgânica. Era um dia de trabalho comum no restaurante, quando o telefone toca. Era a diretora Adriana Cechetti, uma querida, dizendo que queria conversar comigo sobre um programa novo no SBT. Adorei o contato e marquei um almoço no Ruella.

Contei a minha história e o Pelegio disse que eu era a pessoa que eles precisavam para estar à frente do Hell’s Kitchen. A audiência não andava boa no Brasil, porque as pessoas detestam essa história de maltratar os outros, não aguentam ver, não combina com uma TV familiar como é o SBT. Eu também não gostava da filosofia do programa e não queria tomar o espaço de Carlos Bertolazzi, chef que comandou as primeiras edições sem falar com ele antes. Pelegio disse que foi o Bertolazzi que me indicou, mas ainda assim queria pensar a respeito. Então, veio a cartada final. Ele disse que eu seria a primeira mulher no mundo a estar à frente de um programa como esse. Defensora das causas femininas, aceitei na hora e ficamos de voltar a conversar.              

Na segunda-feira o telefone não tocou, mas na terça acordei com o Facebook e Whatsapp lotado de mensagens de parabéns. Achei que a rede estava com a minha data de aniversário errada (risos). Depois é que fui me dar conta que meu nome como nova apresentadora já havia saído na imprensa. Contrato assinado, tive aulas com a maravilhosa atriz, diretora e escritora Cristina Mutarelli, que ensina as técnicas para a TV. E nascia a apresentadora Danielle Dahoui. 

Os diretores me disseram: “seja você e faça acontecer”. Todos os dias as duas equipes tinham que servir 60 pessoas. Criei 19 menus completos, sem repetir receita, dei pitacos no cenário, fiz 19 novos dólmãs, aprendi tudo sobre a produção, som, técnica e me joguei! Esquecia que tinha a câmera ligada e tratava as equipes como fiz em todos os restaurantes que trabalhei: liderei. Tinha a segurança de uma equipe de primeira, com os melhores diretores me ensinando tudo ligados a um ponto eletrônico direto no meu ouvido. Eram uns anjos.

O saldo foi positivo, sucesso de audiência. E eu descobria uma nova profissão. Dizem que se o mosquito da TV morder, a pessoa se apaixona. E foi o que aconteceu. Claro que na edição não mostravam eu explicando várias vezes antes de dar uma bronca. Colocam a bronca logo! Como uma mulher que começou a trabalhar aos 17 anos em um mundo supermachista, sei me colocar facilmente. Mas nunca havia me visto brava e vou te falar: fiquei com medo das minhas sobrancelhas (muitos risos).

Quando voltei ao Ruella, até pedi desculpas aos funcionários por ser tão ‘careteira’. Eles riram e disseram que me amavam. Então comecei a me aceitar com as sobrancelhas de malévola mesmo (risos).